MEU CUSCO OVERO Luiz Carlos Barbosa Lessa |
Eu tinha um cusquinho overo
quando eu era piazito. Ele era tão bonito, tão bonito que nem sei! É buenacho, companheiro, pois no serviço campeiro era cachorro de lei. Onde eu andava, ele junto... Pra arrastar água, passear, buscar as vacas - em tudo - Mosquito sempre ao meu lado num trotezito pulado... -Oh! guaipeca macanudo. E peleador que era o cusco!... Um dia peleou solito com os viadeiros do Tito... -Deus do ceu! Virgem Maria! Eu tive só que apartar senão eles iam se matar... mas fugir? ah! não fugia. Bueno, encurtando o caso, eu com franqueza te digo que o meu melhor amigo aos tempos de piazito, o mais fiel companheiro, entre todos o primeiro, foi meu cusco Mosquito. Certa vez...- faz muitos anos!- a estância se alvorotou com a chegada de um doutô que vinha ver o patrão. E foi essa vez primeira que um auto - que barulheira - pisou naquele rincão! Fiquei bombeando escondido lá no fundo da mangueira com medo da roncadeira que fazia o automóvel. Parecia uma tormenta que lá bem longe rebenta... lá longe, na Serra, chove... Mas o Mosquito, esse não! Achou que era bandalheira aquela tal barulheira bem na casa do patrão. -era assim que se ia entrando?!... E já se tocou acuando, pra riba do animalão. Mas o auto não parou... O Mosquito enbrabeceu e bem pra frente correu, procurando uma peleia... Nem lhe conto...Foi só um grito... e lá ficou o Mosquito esmigalhado na areia... Chorei muito, amigo velho... Eu perdera o meu Mosquito, aquele cusco bonito, tão bonito que nem sei! Depois peguei duma enxada e, desviando da estrada, abri uma cova e o enterrei. Quase botei uma cruz ali donde ele ficou... mas um peão me alembrô que cruz é só pras pessoa. Ele bem que merecia!... Tinha muito mais valia que muito defunto à-toa! Já que cruz não tava certo, fui até uma coronilha, fia ali uma forquilha, e enterrei donde ele estava. Finquei no chão com firmeza pra que ficassE em defesa do cusco que eu tanto amava. E a forquilha inda lá está lembrando o meu cusco overo, e recordando o cincerros da tal civilização que um dia entrou no meu pago e já foi fazendo estrago, entristecendo o rincão. |
quinta-feira, 18 de abril de 2013
POESIA....
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