BUENAS E A POESIA DE HOJE É PAIXÃO GAÚCHA...
PAIXÃO GAÚCHA
(Ubirajara Raffo Constant)
Por que sinhá tamanha indiferença?
Por que insistes nesse orgulho teu?
Se posso dar-te o calor que mais desejas
E um amor como ninguém te deu?
Por que fingir que meu olhar te fere
E te escandaliza em teu pudor e pejo
Se sinto arder no fogo de teus olhos
A embriaguez baguala do desejo?
Por que esconder assim, num falso orgulho,
A ânsia de amor que em tua alma existe?
Por que deixar que a voz dos que não sentem
Te faça viver insatisfeita e triste?
Vem!...chega-te à mim e deixa que te ame
Com esse amor terno e insolente
Que no meu peito se agita e se incendeia...
Que tem a força rebelde da torrente
E o calor altivo da peleia.
Vem!...vem e deixa que te ame
Com esse amor que alucina e que inflama...
Com esse amor bravo e impetuoso...
Com esse amor que o gaúcho ama.
Vem sentir teus lábios incendiarem
Ante o fogo pagão que tem meu beijo...
Vem sentir tua carne em minha carne
E meu desejo varando o teu desejo.
Tuas mãos agitarão minhas melenas...
E num atropelo de amor e de anseios
Virão teus lábios mordiscarem-me a face...
Irão os meus beijar teus mornos seios.
Então, entrelaçados com ternura e ânsias,
Numa loucura que alucina e que abate,
Entre o calor de beijos e queixumes
Conquistaremos a vitória desse combate.
Verás, então, quando depois calados
Descansarmos da glória que vivemos,
Que foi culpado teu orgulho, ou teu receio,
Pelas horas e prazeres que perdemos.
terça-feira, 23 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
POESIA
E HOJE UMA BELA POESIA DE LUIZ CORONEL! UM BOM FINAL DE SEMANA A TODOS GAUCHADA!!!!
PRIMEIRO AMOR
(Luiz Coronel)
Remendos de lua clara,
doce aroma dos jasmins
entraram pelas persianas
na noite em que eu disse "sim".
Nem o vento nas ramagens,
nem as águas murmurantes
tem mais suspiros e juras
que nossos corpos amantes.
Cavalga com fúria de homem
e o mais louco cio de fera
minhas sesmarias de encanto
e tuas léguas de espera.
Amei do cair da noite
ao cantar da passarada.
O suor acendia estrelas
nos lençóis da madrugada.
Primeiro amor foi em mim
sal de lágrimas no escuro.
E para sempre nos lábios
sabor de figos maduros.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
POESIA....
MEU CUSCO OVERO Luiz Carlos Barbosa Lessa |
Eu tinha um cusquinho overo
quando eu era piazito. Ele era tão bonito, tão bonito que nem sei! É buenacho, companheiro, pois no serviço campeiro era cachorro de lei. Onde eu andava, ele junto... Pra arrastar água, passear, buscar as vacas - em tudo - Mosquito sempre ao meu lado num trotezito pulado... -Oh! guaipeca macanudo. E peleador que era o cusco!... Um dia peleou solito com os viadeiros do Tito... -Deus do ceu! Virgem Maria! Eu tive só que apartar senão eles iam se matar... mas fugir? ah! não fugia. Bueno, encurtando o caso, eu com franqueza te digo que o meu melhor amigo aos tempos de piazito, o mais fiel companheiro, entre todos o primeiro, foi meu cusco Mosquito. Certa vez...- faz muitos anos!- a estância se alvorotou com a chegada de um doutô que vinha ver o patrão. E foi essa vez primeira que um auto - que barulheira - pisou naquele rincão! Fiquei bombeando escondido lá no fundo da mangueira com medo da roncadeira que fazia o automóvel. Parecia uma tormenta que lá bem longe rebenta... lá longe, na Serra, chove... Mas o Mosquito, esse não! Achou que era bandalheira aquela tal barulheira bem na casa do patrão. -era assim que se ia entrando?!... E já se tocou acuando, pra riba do animalão. Mas o auto não parou... O Mosquito enbrabeceu e bem pra frente correu, procurando uma peleia... Nem lhe conto...Foi só um grito... e lá ficou o Mosquito esmigalhado na areia... Chorei muito, amigo velho... Eu perdera o meu Mosquito, aquele cusco bonito, tão bonito que nem sei! Depois peguei duma enxada e, desviando da estrada, abri uma cova e o enterrei. Quase botei uma cruz ali donde ele ficou... mas um peão me alembrô que cruz é só pras pessoa. Ele bem que merecia!... Tinha muito mais valia que muito defunto à-toa! Já que cruz não tava certo, fui até uma coronilha, fia ali uma forquilha, e enterrei donde ele estava. Finquei no chão com firmeza pra que ficassE em defesa do cusco que eu tanto amava. E a forquilha inda lá está lembrando o meu cusco overo, e recordando o cincerros da tal civilização que um dia entrou no meu pago e já foi fazendo estrago, entristecendo o rincão. |
quarta-feira, 17 de abril de 2013
POESIA.....
E a poesia de hoje exalta a figura do gaúcho,refletindo a sua importância, independente de sua cor ou classe social , mostrando que ser gaúcho é muito mais que isso...
GAÚCHO
Antônio Augusto Fagundes
Os moços de Porto Alegre
- escritores, jornalistas,
aqueles que sabem tudo,
ou pensam que sabem tudo...
disseram que já morreste.
Ou então que estás de a pé,
sem cavalo, sem bombacha,
sem bota, espora ou chapéu,
sem comida e sem estudo.
Moços da voz de veludo
e máquinas de escrever
produzidos no estrangeiro
dizem que tu, companheiro,
morreste ou estás mui mal
porque o êxodo rural
te atirou pelas sarjetas
sujo de pó e de barro
catando a toa cigarro
nos becos da capital...
E no entanto, estás vivo!
Estás vivo e trabalhando
e produzindo o que comem
esses moços do jornal.
Quem é gaúcho, afinal?
Tenho pra mim que são três:
um é o peão, o assalariado,
o operário campeiro.
O segundo é o estancieiro,
o empresário rural.
O terceiro é o camponês
que se agüenta bem ou mal
sem ter nem peão nem patrão.
No mais, é um homem solito,
um carreteiro, talvez.
São os homens de a cavalo
que agarram o céu com a mão,
rasgando fronteira e chão,
marcando terneiro a pealo,
bebendo o canto do galo
no alvorecer do rincão.
São três homens diferentes?
No fundo, os três são um só:
mesma fala, mesma roupa,
mesma alma, mesma lida...
Em resumo, mesma vida,
mesmo barro e mesmo pó.
Um mais rico, outro mais pobre.
Prata, ouro, lata ou cobre
que importam, se homem é nobre
e amarra no mesmo nó?
A bombacha que eles usam
tem um século. Cem anos!
Os arreios do cavalo
são muitos mais veteranos:
duzentos anos talvez.
E o chimarrão, o palheiro,
o churrasco, o carreteiro,
o truco a tava, as campeiras,
a gaita, o chote inglês...?
São dos gaúchos passados,
já tinham em 93.
E a mesma mulher gaúcha
inspira cada vez mais.
E a paisagem é sempre a mesma.
Eterna, mas sempre nova.
Do litoral à fronteira,
da serra aos campos neutrais.
Das missões até o planalto
para frente e para o alto
como regiões naturais,
do verde das sesmarias
até o ouro dos trigais
- as duas cores da pátria
que o Rio Grande esparramou
nas plagas meridionais.
Porque o Rio Grande é eterno
como é eterno seu luxo:
tu não morreste, gaúcho,
deixa que falem, no mais.
Deixa que o fraco de sempre
(o fracassado, o vencido)
tente te encerrar no olvido
que o futuro lhe promete.
E que te chamem de Odete
os desfibrados morais:
no lombo do teu cavalo
estás tão alto, tão alto,
que a lama preta do asfalto
não te alcançará jamais!
Meu pai veio da campanha
com a mulher e dez filhos
e veio para abrir trilhos,
foi sempre um homem de bem.
Jamais andou mendigando,
catando lixo nos valos
ou toco pelas sarjetas.
Não se esqueceu das carretas
nem do tranco dos cavalos.
Nasceu e morreu gaúcho.
Trabalhou e foi alguém.
E eu herdei seu evangelho.
Me orgulho daquele velho
- eu sou gaúcho também!
- escritores, jornalistas,
aqueles que sabem tudo,
ou pensam que sabem tudo...
disseram que já morreste.
Ou então que estás de a pé,
sem cavalo, sem bombacha,
sem bota, espora ou chapéu,
sem comida e sem estudo.
Moços da voz de veludo
e máquinas de escrever
produzidos no estrangeiro
dizem que tu, companheiro,
morreste ou estás mui mal
porque o êxodo rural
te atirou pelas sarjetas
sujo de pó e de barro
catando a toa cigarro
nos becos da capital...
E no entanto, estás vivo!
Estás vivo e trabalhando
e produzindo o que comem
esses moços do jornal.
Quem é gaúcho, afinal?
Tenho pra mim que são três:
um é o peão, o assalariado,
o operário campeiro.
O segundo é o estancieiro,
o empresário rural.
O terceiro é o camponês
que se agüenta bem ou mal
sem ter nem peão nem patrão.
No mais, é um homem solito,
um carreteiro, talvez.
São os homens de a cavalo
que agarram o céu com a mão,
rasgando fronteira e chão,
marcando terneiro a pealo,
bebendo o canto do galo
no alvorecer do rincão.
São três homens diferentes?
No fundo, os três são um só:
mesma fala, mesma roupa,
mesma alma, mesma lida...
Em resumo, mesma vida,
mesmo barro e mesmo pó.
Um mais rico, outro mais pobre.
Prata, ouro, lata ou cobre
que importam, se homem é nobre
e amarra no mesmo nó?
A bombacha que eles usam
tem um século. Cem anos!
Os arreios do cavalo
são muitos mais veteranos:
duzentos anos talvez.
E o chimarrão, o palheiro,
o churrasco, o carreteiro,
o truco a tava, as campeiras,
a gaita, o chote inglês...?
São dos gaúchos passados,
já tinham em 93.
E a mesma mulher gaúcha
inspira cada vez mais.
E a paisagem é sempre a mesma.
Eterna, mas sempre nova.
Do litoral à fronteira,
da serra aos campos neutrais.
Das missões até o planalto
para frente e para o alto
como regiões naturais,
do verde das sesmarias
até o ouro dos trigais
- as duas cores da pátria
que o Rio Grande esparramou
nas plagas meridionais.
Porque o Rio Grande é eterno
como é eterno seu luxo:
tu não morreste, gaúcho,
deixa que falem, no mais.
Deixa que o fraco de sempre
(o fracassado, o vencido)
tente te encerrar no olvido
que o futuro lhe promete.
E que te chamem de Odete
os desfibrados morais:
no lombo do teu cavalo
estás tão alto, tão alto,
que a lama preta do asfalto
não te alcançará jamais!
Meu pai veio da campanha
com a mulher e dez filhos
e veio para abrir trilhos,
foi sempre um homem de bem.
Jamais andou mendigando,
catando lixo nos valos
ou toco pelas sarjetas.
Não se esqueceu das carretas
nem do tranco dos cavalos.
Nasceu e morreu gaúcho.
Trabalhou e foi alguém.
E eu herdei seu evangelho.
Me orgulho daquele velho
- eu sou gaúcho também!
terça-feira, 16 de abril de 2013
POESIA
Buenas caros leitores, a poesia de hoje é de um grande poeta e amigo José Dirceu Dutra, um poeta que tem na essência o amor pelo pago onde nasceu e exalta através da poesia os valores do povo gaúcho, seu sentimento poético e o orgulho de suas origens, difundindo o nome de São Miguel das Missões para todo o estado... Boa leitura!
FILOSOFIA
(José Dirceu Dutra)
Olhei a cruz do passado
Para chegar ao presente
E me passou pela mente
Ser um guasca destemido
Pra não viver escondido
Dos olhos de muita gente
Nesse linguajar gaudério
É que sempre me aconchego.
E vou tirando o pelego
Do meu baio caborteiro
Para dizer que um campeiro
Chegou na estância sem medo.
Subi as coxilhas do pampa
Na invernada da existência
E ali deixei minha querência
Me cambiando pra cidade
Hoje só tenho maldade
E muito pouca experiência
É como diz o ditado
"Tudo tarda e aparece"
Se ser grã-fino enobrece
Eu prefiro ser pobre
E elevar minha alma nobre
Que muitas vezes padece
Saudades, tenho saudades
Quando as vezes carreteava
Ao longe o minuano uivava
E eu cruzava meu caminho
Numa jornada sozinho
Que ao fim nunca chegava.
Mas pensava ter um dia
A ambição de ser dono
Ao menos ter o meu trono
Como do velho galpão
Pra alegrar meu coração
Até o derradeiro sono.
E novamente me encontro
De bar em bar vou bebendo,
Todo o dinheiro perdendo
No jogo sujo da vida,
Já que a parada é perdida
E a perdição me vencendo.
Criar a imagem de agora
É pensar numa loucura
Nesta coxilha insegura
Tomada de boemia
Eu deixo filosofia
Quando eu for pra sepultura.
FILOSOFIA
(José Dirceu Dutra)
Olhei a cruz do passado
Para chegar ao presente
E me passou pela mente
Ser um guasca destemido
Pra não viver escondido
Dos olhos de muita gente
Nesse linguajar gaudério
É que sempre me aconchego.
E vou tirando o pelego
Do meu baio caborteiro
Para dizer que um campeiro
Chegou na estância sem medo.
Subi as coxilhas do pampa
Na invernada da existência
E ali deixei minha querência
Me cambiando pra cidade
Hoje só tenho maldade
E muito pouca experiência
É como diz o ditado
"Tudo tarda e aparece"
Se ser grã-fino enobrece
Eu prefiro ser pobre
E elevar minha alma nobre
Que muitas vezes padece
Saudades, tenho saudades
Quando as vezes carreteava
Ao longe o minuano uivava
E eu cruzava meu caminho
Numa jornada sozinho
Que ao fim nunca chegava.
Mas pensava ter um dia
A ambição de ser dono
Ao menos ter o meu trono
Como do velho galpão
Pra alegrar meu coração
Até o derradeiro sono.
E novamente me encontro
De bar em bar vou bebendo,
Todo o dinheiro perdendo
No jogo sujo da vida,
Já que a parada é perdida
E a perdição me vencendo.
Criar a imagem de agora
É pensar numa loucura
Nesta coxilha insegura
Tomada de boemia
Eu deixo filosofia
Quando eu for pra sepultura.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
POESIA..
E a poesia de hoje é do grande poeta gaúcho, Apparício Silva Rillo, que através de versos exaltou a figura do gaúcho e difundiu os valores e os costumes do nosso pago...
PETIÇO VELHO
(Apparício Silva Rillo)
Este petiço,
veterano aqui da Estância,
foi o meu pingo de infância,
meu orgulho de guri.
Crescemos juntos,
nos criamos lado a lado,
mas ele contou dobrado
os anos que eu já vivi.
Caramba!
está velho o meu petiço.
Tem nas pupilas cansadas
que olham para o vazio,
tristezas de águas paradas
de um cotovelo de rio.
Petiço velho!
foi de cima de teu lombo
que há muitos anos atrás,
caí meu primeiro tombo
no meio dos gravatás.
E enquanto cheio de espinhos
me levantava do chão,
no teu olhar surpreendido
havia um manso pedido
de desculpa e de perdão.
Quanta carreira embrulhada
na cancha reta da estrada
tu me fizeste ganhar!
Quanta tropa de mentira
repontei estrada afora
te cutucando com a espora
nervosa do calcanhar...
Petiço velho!
tua última carreira
pouco a pouco se aproxima,
e o piá não vai em cima
pra levar-te ao vencedor.
Não corras muito
porque a carreira é perdida...
Na Califórnia da Vida
onde o destino maneja
cancha de osso e carpeta,
um peticinho maceta
quando se topa com a morte
não clava nenhuma sorte
por mais taura que ele seja!
PETIÇO VELHO
(Apparício Silva Rillo)
Este petiço,
veterano aqui da Estância,
foi o meu pingo de infância,
meu orgulho de guri.
Crescemos juntos,
nos criamos lado a lado,
mas ele contou dobrado
os anos que eu já vivi.
Caramba!
está velho o meu petiço.
Tem nas pupilas cansadas
que olham para o vazio,
tristezas de águas paradas
de um cotovelo de rio.
Petiço velho!
foi de cima de teu lombo
que há muitos anos atrás,
caí meu primeiro tombo
no meio dos gravatás.
E enquanto cheio de espinhos
me levantava do chão,
no teu olhar surpreendido
havia um manso pedido
de desculpa e de perdão.
Quanta carreira embrulhada
na cancha reta da estrada
tu me fizeste ganhar!
Quanta tropa de mentira
repontei estrada afora
te cutucando com a espora
nervosa do calcanhar...
Petiço velho!
tua última carreira
pouco a pouco se aproxima,
e o piá não vai em cima
pra levar-te ao vencedor.
Não corras muito
porque a carreira é perdida...
Na Califórnia da Vida
onde o destino maneja
cancha de osso e carpeta,
um peticinho maceta
quando se topa com a morte
não clava nenhuma sorte
por mais taura que ele seja!
João Luiz Corrêa e Grupo Campeirismo - Rio Grande do Sul
Essa música é um hino ao nosso querido Rio Grande do Sul. Vale a pena ver...
TRADIÇÃO
Bom dia gauchada! Hoje vamos entender um pouco do conceito de tradição, conhecer suas vertentes e fundamentos, com isso iremos perceber a sua grande importância para a difusão da cultura e do conhecimento. Posteriormente, em outras postagens vamos conhecer também um pouco mais sobre tradicionalismo e folclore. Boa leitura..
A palavra tradição vem do latim, do verbo "tradere" (traditio, traditionis) que significa trazer, entregar, transmitir, ensinar. Logo, tradição é a transmissão de fatos culturais de um povo, quer de natureza espiritual ou material, ou ainda é a transmissão dos costumes feita de pais para filhos no decorrer dos tempos, ao sucederem-se as gerações. É a memória cultural de um povo. É um conjunto de idéias, usos, memórias, recordações e símbolos conservados pelos tempos, pelas gerações, sendo assim a eterna vigilância cultural.
Augusto Meyer, em artigo no Correio do Povo de 2 de junho de 1927 assim manifestou-se:
"Tradição é desejo de claridade.
Chega um momento na vida em que o homem, ante as flutuações do seu espírito, quer chegar a uma "estrada real" no meio dos mil "sendeiros" que abrem aos seus olhos cobiçosos o fascínio da aventura.
A Tradição é justamente essa força que nunca admite as imposições individuais. Ela obriga à humildade, como tudo o que está acima e além do homem.
Quando muito, a Tradição quer ser adivinhada em suas formas e penetrada com a inteligência. E a inteligência, nesse caso, é o amor pela terra. O qual, nem procura justificar-se. Mas procura SER, afirmando ".
Barbosa Lessa, em seu trabalho "Caráter Cíclico do Tradicionalismo", referindo-se a tradição assim diz: "Um culto que se renova. ... Na etapa seguinte, ao influxo da II Guerra Mundial, quando Jean-Paul Sartre intrigava os espíritos com sua filosofia existencialista, foi um outro jovem, Paixão Côrtes, com 19 anos, que, entre extrair o SER do nada ou extraí-lo da Tradição -- uma vivência coletiva e real --, preferiu convocar seus colegas ginasianos para a ação, afirmativa, no Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio Júlio de Castilhos.
Da mesma forma que, hoje, o guri Renatinho Borghetti, com 19 anos, sacode a Era do Som com sua gaitinha de oito baixos e identifica-se com a garotada através dos cabelos compridos, das alpargatas, do informalismo das barracas nos Festivais de Música Nativista.
Espontaneamente. Sem saber que está fazendo História e Cultura".
Antonio Augusto Fagundes referindo-se a tradição diz: "Em Direito, tradição significa entrega. Em seu sentido mais amplo, que é o que interessa para o presente estudo, tradição quer dizer o culto dos valores que os antepassados nos legaram. Todo o grupo social, toda a nação tem sua própria escala de valores e é essa escala que torna os povos distintos entre si."
A História iniciou, quando o homem articulou, balbuciou ou pronunciou as primeiras palavras. E o homem só registrou sua história, quando fixou a palavra através da escrita. Antes da escrita, tudo é pré-história.
A linguagem é o veículo de transmissão da tradição, sendo ela o elemento fundamental de qualquer sociedade, de qualquer povo.
A tradição, muito embora não seja uma ciência, está dividida em:
* TRADIÇÃO HISTÓRICA : que se destina a transmissão da memória de fatos ou de vultos notáveis e é preservada de duas importantes formas: através de documentos tais como: cartas, biografias, calendários, anais, compêndios e outras formas; bem como através de monumentos como restos, vestígios, túmulos, palácios, obras de arte, brasões, moedas e outros.
* TRADIÇÃO POPULAR : destina-se ao registra dos fatos culturais que são preservados pela oralidade ou mesmo pela aceitação coletiva.
Vejamos :
* Tradição histórica é folclore? Não
* Tradição popular é folclore? Sim
* Folclore nascente é tradição? Não
* Folclore vigente é tradição? Não
* Folclore Histórico é tradição? Não
* Cultura de massa é tradição ou é folclore? Nenhum dos dois.
Nós os gaúchos, que também, com muito orgulho, somos brasileiros, nos distinguimos dos outros brasileiros, como de outros povos e de outros grupos sociais, porque temos uma escala de valores muito característico e que nos torna diferentes dos demais.
Faz-se necessário ressaltar, que a tradição não é uma peculiaridade exclusiva de nós os gaúchos, uma vez que todos os povos têm sua tradição. Mas nós os gaúchos temos a nossa tradição, a nossa escala de valores, que é peculiar a nós os gaúchos.
Glaucus Saraiva, na obra Manual do Tradicionalista, diz: "Tradição é o todo que reúne em seu bojo a história política, cultural, social e demais ciências e artes nativas, que nos caracterizam e definem como região e povo. Não é o passado, fixação e psicose dos saudosistas. É o presente como fruto sazonado de sementes escolhidas. É o futuro, como árvore frondosa que seguirá dando frutos e sombra amiga às gerações do porvir. "
Glaucus Saraiva, na mesma obra, cita ainda Hélio Rocha que diz:
"Tradição não é simplesmente o passado.
O passado é o marco. A Tradição é a continuidade.
O passado é o acontecimento que fica. A Tradição é o fermento que prossegue.
O passado é a paisagem que passa. A Tradição é a corrente que continua.
O passado é a mera estratificação dos fatos históricos já realizados. A Tradição é a dinamização das condições propulsoras de novos fatos.
O passado é estéril, intransmissível. A Tradição é essencialmente fecundadora e energética.
O passado é a flor e o fruto que findaram. A tradição é a semente que perpetua.
O passado é o começo, as raízes. A Tradição é a seiva circulante, o prosseguimento.
O passado explica o ponto de partida de uma comunidade histórica. A tradição condiciona o seu ponto de chagada.
O passado é a fotografia dos acontecimentos. A tradição é a cinematografia dos mesmos.
Enfim: Tradição é tudo aquilo que do passado não morreu."
Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes, na obra "Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul", referindo- se a tradição gaúcha, assim define: "Tradição Gaúcha significa o rico acervo cultural e moral do Rio grande do Sul, no campo literário, folclórico, musical, usanças, adagiário, artesanato, esportes e atividades rurais"
Salvador Ferrando Lamberty referindo- se a tradição gaúcha diz: " Essa tradição, que nasceu nos galpões de campanha, chegando às cidades, conquistando todas as classes sociais, é o pedestal do ideal libertário do sulino.
Nosso acervo cultural retrata a paisagem sem fim de nossos campos, cortados pelos tropeiros, os rangidos choromingantes das carretas de bois e o grito sentinela do quero-quero.
O povo gaúcho deve orgulhar-se de possuir tão bela tradição. É um pedestal que ostenta o chimarrão, a doma, o fandango, o pealo, a marcação, as lendas, as pilchas, a música, a poesia, os causos, as trovas, etc. A vida passa do real para a fantasia, nas narrativas do Negrinho do Pastoreio, Lenda do Jarau, Boitatá, Angüera, etc. As fascinadoras danças da Chula, Facões, Anu, Pezinho, Chimarrita, Balaio e outras apresentadas pelos grupos de danças ou ainda as de salão como o Chote, a Valsa, a Polca, etc.
A tradição gaúcha fecundou o nascimento de um ritmo musical eminentemente gauchesco, com cheiro de terra o Bugio.
Em 1983, Barbosa Lessa, no trabalho "Caráter Cíclico do Tradicionalismo", diz: "Causa estranheza o fato dos historiadores do tradicionalismo -- como Helio Moro Mariante em publicação oficial do Instituto de Tradição e Folclore -- ou seus críticos -- como Tau Golin -- terem ignorado completamente o regionalismo dos anos 20, a importância de João Pinto da Silva, o pensamento de Augusto Meyer".
No entanto, aquela etapa é essencial para a compreensão do que vem ocorrendo com a cultura desde os anos 90 do século passado. Ou seja: ciclicamente, de trinta em trinta anos, ao ensejo de alguma rebordosa mundial ou nacional, e havendo clima de abertura para as indagações do espírito, termina surgindo algum "ismo" relacionado com a Tradição.
Assim foi com o gauchismo dos anos 90. Com o regionalismo dos anos 20. Com o tradicionalismo dos anos 50. Com o nativismo de agora. E sou capaz de jurar que lá pelo ano 2010 surgirá uma espécie de telurismo antinuclear ou cibernético, resultante da inquietação de analistas de sistemas em conluio com artistas plásticos, incluindo cartunistas e comunicadores visuais.
É claro que, de acordo com cada época, modifica-se a dinâmica e o campo de ação. Mas, no fundo, é tudo a mesma coisa: expressão de amor à gleba e respeito ao homem rural".
MARIA IZABEL T. DE MOURA
BIBLIOGRAFIA
LAYTANO, Dante – Folclore do Rio Grande do Sul – costumes e tradições gaúchas.
BARBOZA, Maria Cândida – Aspectos de Folclore -Tradição – Cultura
LAMBERTY, Salvador Ferrando
SARAIVA, Glaucus – Manual do Tradicionalista
BARBOSA LESSA, Luiz Carlos - Nativismo
FAGUNDES, Antonio Augusto – Curso de Tradicionalismo Gaúcho
TEIXEIRA, Edilberto – Tentos de uma mesma trança – publicado no jornal "Tradição" / 31 de março de 1987.
LESSA, Luiz Carlos Barbosa – Caráter Cíclico do Tradicionalismo
Nativismo – um fenômeno social do gaúcho.
Poesia...
Buenas gauchada! E pra finalizar o dia de hoje , uma poesia.Cada dia será postada uma poesia diferente a fim de valorizar o trabalho de nossos grandes poetas e também aqueles que não são tão conhecidos mas que igualmente contribuem para a divulgação e preservação de nossos costumes. Então para começar, escolhi uma poesia de um grande mestre que admiro muito, o saudoso poeta e pajador Jayme Caetano Braun, que traz por título, Hospitalidade, que por sinal é uma das grandes virtudes do povo gaúcho. Um grande abraço do tamanho do Rio Grande e boa leitura!
HOSPITALIDADE Jayme Caetano Braun |
No linguajar barbaresco
E xucro da minha gente Teu sentido é diferente, Substantivo bendito, Pois desde o primeiro grito De "o de casa" dado aquí, O Rio Grande fez de ti o mais sacrossanto rito! Não há rancho miserável Da nossa terra querida, Onde não sejas cumprida No mais campeiro rigor, Porque Deus Nosso Senhor Quando te botou carona, Já te largou redomona Sem baldas de crença ou cor! Dizem uns, que te trouxeram De Espanha e de Portugal E que neste chão bagual Criaste novo sentido, E o que além era vendido Transformou-se aqui num culto Onde o dinheiro é um insulto Com violência repelido! Tenho prá mim que és crioula Do velho pago infinito Onde até o índio proscrito Egresso da sociedade Na xucra fraternidade Dos deserdados da sorte Não respeita nem a Morte mas cumpre a Hospitalidade! Da chaleira casco preto, E a graxa que dá espeto Vai respingando na brasa, É o truco, que a cada vasa, Sempre está pintando "Flor", É rancho de corredor E sombra de oitão de casa! Hospitalidade é o grito Do quero-quero altas horas; É o tinido das esporas Da casa para o galpão; É o velho fogo de chão Que caborteiro crepita; É olhar de china bonita Que nos queima o coração. É o charque de carreteiro Picado sobre a carona; É o lamento da cambona Que se perde campo fora; É china linda que chora Num derradeiro repique Pedindo que a gente fique Até que se rompa a aurora! Mas porém, sintetizada, Num traste de uso machaço A hospitalidade de um laço Bem grosso e de armada grande Que Deus trançou, prá que ande, Apresilhado ao rincão Nos tentos do coração Dos Gaúchos do Rio Grande! |
Fonte: http://www.guapos.com.br/mx/poesia.php?cdpoesia=717
domingo, 14 de abril de 2013
O CHIMARRÃO...
E que tal sabermos um pouco mais sobre a bebida típica do gaúcho, o chimarrão, e entender um pouco mais sobre esse "velho companheiro de todas as horas"...
O Chimarrão é um legado do índio Guarani.
Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na tradição representativa do nosso pago. Também conhecido como mate amargo, como bebida preferida pelo gaúcho, constitui-se no símbolo da hospitalidade e da amizade do gaúcho. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.
O homem branco, ao chegar no pago gaúcho, encontrou o índio guarani tomando o CAA, em porongo, sorvendo o CAÁ-Y, através do TACUAPI.
Podemos dizer, que o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o espírito democrático, é o costume que, de mão – em - mão, mantém acesa a chama da tradição e do afeto, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago do sul, chegando a ser o maior veículo de comunicação.
O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão do mate. Atualmente, por extensão passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto.
O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O Chimarrão é um hábito, uma tradição, uma espécie de resistência cultural espontânea.
Os avios ou os apetrechos do mate constituem o conjunto de utensílios usados para fazer o mate. Os avios do mate são fundamentalmente a cuia e a bomba.
A CUIA NOVA
Quando a cuia é nova, é necessário curti-la antes de começar a matear. Para tal, é necessário enchê-la de erva-mate pura ou ainda misturada com cinza vegetal e água quente, que deve permanecer de dois a três dias, mantendo a umidade, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. O uso da cinza é para dar maior resistência ao porongo. Após o tempo determinado, retira-se a erva da cuia e, com uma colher, raspa-se bem o porongo, para retirar alguns baraços que tenham ficado.
VOCABULÁRIO
Caá = erva-mate
Caá-y = bebida do mate = chimarrão
Tacuapi= bomba primitiva, feita de taquara pelos índios guaranis.
O MATE E A SUA INTIMIDADE
O ato de preparar um mate diz-se: “cevar um mate” ou “fechar um mate”, ou “fazer um mate” ou ainda ”enfrenar um mate”. A palavra amargo é muito usada em lugar de mate ou chimarrão. O convite para tomar um mate é feito das seguintes formas:
Vamos matear?
Vamos gervear?
Vamos chimarrear?
Vamos verdear?
Vamos amarguear?
Vamos apertar um mate?
Vamos tomar um chimarrão?
Vamos tomar mate ou um mate
Que tal um mate?
EM RELAÇÃO A COMPANHIA, O MATE PODE SER TOMADO DE TRÊS MANEIRAS
MATE SOLITO : quando não precisa de estímulo maior para matear, a não ser a sua própria vontade. É o verdadeiro mateador.
MATE DE PARCERIA : quando se espera por um ou mais companheiros para matear a fim de motivar o mate, pois não gosta de matear sozinho.
RODA DE MATE: é na roda de mate, que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material. Irmanados num clima de respeito, o mate integra gerações numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha.
CHIMARRÃO É RICO EM POESIA
Antigamente, Quando os namoros eram de longe, através de troca de olhares, os apaixonados utilizavam o mate como meio de comunicação e, de acordo com o que era posto na cuia, a mensagem era recebida e interpretada. Ao longo de sua história, o chimarrão é utilizado como veículo sutil de comunicação com objetivos sentimentais.
Atualmente, os costumes mudaram, mas o hábito do chimarrão permanece cada vez mais forte, caracterizando o povo gaúcho.
SIGNIFICADO DOS MATES
* Mate com açúcar: quero a tua amizade
* Mate com açúcar queimado: és simpático
* Mate com canela: só penso em ti
* Mate com casca de laranja: vem buscar-me
* Mate com mel: quero casar contigo
* Mate frio: desprezo-te
* Mate lavado: vai tomar mate em outra casa
* Mate enchido pelo bico da bomba: vás embora
* Mate muito amargo (redomão): chegaste tarde, já tenho outro amor
* Mate com sal: não apareças mais aqui
* Mate muito longo: a erva está acabando
* Mate curto: pode prosear a vontade
* Mate servido com a mão esquerda: você não é bem vindo
* Mate doce: simpatia
A LENDA DA ERVA MATE
Contam que um guerreiro guarani, que pela velhice não podia mais sair para as guerras, nem para a caça e pesca, porque suas pernas trôpegas não mais o levavam, vivia triste em sua cabana. Era cuidado por sua filha, uma bela índia chamada Yari, que o tratava com imenso carinho, conservando - se solteira, para melhor se dedicar ao pai.
Um dia, o velho guerreiro e sua filha receberam a visita de um viajante, que foi muito bem tratado por eles. À noite, a bela jovem cantou um canto suave e triste para que o visitante adormecesse e tivesse um bom descanso e o melhor dos sonos.
Ao amanhecer, antes de recomeçar a caminhada, o viajante confessou ser enviado de Tupã, e para retribuir o bom trato recebido, perguntou aos seus hospedeiros o que eles desejavam, e que qualquer pedido seria atendido, fosse qual fosse.
O velho guerreiro, lembrando que a filha, por amor a ele, para melhor cuidá-lo, não se casava apesar de muito bonita e disputada pelos jovens guerreiros da tribo, pediu algo que lhe devolvesse as forças, para que Yari, livre de seu encargo afetivo, pudesse casar.
O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvores de Caá e ensinou a preparar a infusão, que lhe devolveria as forças e o vigor, e transformou Yari em deusa dos ervais, protetora da raça guarani.
A jovem passou a chamar-se Caá-Yari, a deusa da erva-mate, e a erva passou a ser usada por todos os componentes da tribo, que se tornaram mais fortes, valentes e alegres.
RECIPIENTES PARA ÁGUA
CALDEIRA: recipiente grande, muito utilizada para aquecer grande quantidade de água, para diversas finalidades. é mais bojuda que o jarro, não possui tampa nem bico tubular. Os fogões à lenha possuem um recipiente chamado caldeira, que tem a mesma função da caldeira, semelhante ao jarro .
CHALEIRA GRANDE: de uso semelhante ao da caldeira. É muito encontrada nas cozinhas da campanha, nos fogões de barro e nos galpões e nos braseiros do fogo de chão. Por ser muito grande, seu manejo é incômodo.
CHALEIRA MÉDIA: Também conhecida por pava. Devido ao seu tamanho, é a mais usada, quer para aquecer a água, quanto para servir o mate.
CHALEIRA PRETA DE FERRO: varia muito de tamanho e forma mas é o tipo mais comum. Com o uso, chega a criar uma crosta de picumã, que não deve ser removida, pois pode furar com facilidade.
CAMBONA PRIMITIVA: estas cambonas vinham da Inglaterra, com chá-da-índia. Eram feitas de cobre e possuíam a parte de baixo arredondada e sua alça era deita de arame ou de lata. Serviam para preparar alimentos, aquecer água. Tem um refrão popular, que muito bem traduz o quanto à cambona é desajeitada, virando com muita facilidade, que é: “Cambona em cima de tição, tomarás mate ou não!”
CAMBONA: pode ser feita de qualquer lata, pois sua finalidade é única e exclusivamente a de aquecer água, sem precisar de muito fogo. Sua confecção é simples, basta Um pedaço de arame passado várias vezes junto ao local da lata, deixando Um rabicho para pegar e está pronta a cambona. Alguns preferem improvisar um rabicho de arame na parte de cima ou uma alça de arame, prendendo em cima e em baixo da lata e ainda enfiam no rabicho ou na alça, um pedaço de osso de canela do gado, para evitar o calor ao pegar. A picumã, que adere à cambona, não deve ser retirado, pois enfraquece o recipiente.
CAMBONA PRIMITIVA
CHICOLATEIRA: A chicolateira é um recipiente usado nos fogões campeiros, para aquecer a água. Ela difere da cambona, uma vez que possui alça, tampa e um pequeno bico. É um utensílio que requer algum acabamento. È muito usada, não só nos galpões e cozinhas campeiras, como também por carreteiros e tropeiros. O termo chicolateira é uma corruptela de chocolateira.
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PARTES DO MATE |
a – Topete, respiro, morrete, cerro, barranco, crista (fica à esquerda da bomba). b – Bomba, bombilha. Se ficar a esquerda do topete, é mate de canhoto. c – Beiço, boca. d – Pescoço (na cuia de beiço). e – Cuia, mate, porongo. f – Umbigo, cabo, bico. | |||
TIPOS DE BOMBA | |||
1 - tacuapi primitivo 2 - tacuapi missioneiro 3 - bomba de mola | |||
PARTES DA BOMBA | |||
1 – Bico, bocal, chupeta, boquilha. 2 – Anel, pitanga, botão de rosa, resfriador, passador. 3 – Haste, corpo de bomba. 4 – Coador, ralo, patilha, colher, bojo, coco, apartador. | |||
ALGUNS DIZERES | |||
O primeiro mate é dos pintos . - como o gaúcho atira fora os primeiros sorvos de mate, serão os pintos os aproveitadores das partículas de erva cuspidas. O mate pra o estribo ou O mate o mate do estribo . O último mate com que se brinda um visitante, quando ele já está “com pé no estribo”, ou seja, pronto para partir. Como o mate do João Cardoso . Emprega-se para designar um fato que nunca se realiza, uma promessa que nunca se cumpre. Como o mate das senhoras Morais . Idêntico significado da frase anterior. As senhoras Morais, residente na povoação de Basílio, no município de Herval, quando recebiam visitas passavam a tarde inteira perguntando se os amigos queriam mate doce ou chimarrão, com erva paraguaia ou brasileira, em cuia de porcelana ou porongo... para, no final, nada oferecerem. Toma mais um mate. Não te vás, é cedo ainda. Aquentar a água pra outro tomar mate. Preparar um negócio para outro pessoa colher os lucros. Emprega-se de modo especial para designar um namorado que “prepara uma moça para depois outro casar com ela... A “erva”. O dinheiro. Ele se encheu de “erva”. Ele ganhou muito dinheiro. Talvez um vestígio do tempo em que a erva supria a ausência de moedas sonantes. Nem pra erva. No último grau de pobreza. Sem dinheiro se quer para comprar o artigo de primeiríssima necessidade quotidiana, que é a erva-mate. | |||
OS DEZ MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO | |||
1º - Não peças açúcar no mate. 2º - Não digas que o chimarrão é anti-higiênico. 3º - Não digas que o mate está quente demais. 4º - Não deixes um mate pela metade. 5º - Não te envergonhes do ronco do mate. 6º - Não mexas na bomba. 7º - Não alteres a ordem em que o mate é sorvido. 8º - Não durmas com a cuia na mão. 9º - Não condenes o dono da casa por tomar o primeiro mate. 10º - Não digas que o chimarrão dá câncer na garganta. | |||
BIBLIOGRAFIA
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FAGUNDES , Glênio - Cevando o Mate LESSA , Luiz Carlos Barbosa - História do Chimarrão TUBINO, Wilson - Os Mistérios Ocultos do Chimarrão TEIXEIRA , Luiz Rotilli - A Importância Social do Chimarrão BERKAI, Dorival e BRAGA, Clóvis Airton - 500 Anos de História de Erva-mate RIBEIRO , Paula Simon - Folclore: Aplicação Pedagógica FAGUNDES, Antonio Augusto - Curso de Tradicionalismo Gaúcho |
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