segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

NOEL GUARANY : "O CANTOR DA BOSSOROCA"


TRABALHO REALIZADO PARA O XVII TCHÊNCONTRO REGIONAL DA 3ª RT REALIZADO PELOS PEÕES E PRENDAS DO CTN SINOS DE SÃO MIGUEL






“ Com licença, meus senhores vai cantar um missioneiro
Com manhas de literato e o tino de bom fronteiro...
Total, não há melhor sorte do que nascer guitarreiro.
Me desculpem meus senhores, esta audácia missioneira,
Se o ventre da minha guitarra fecunda notas campeiras...
Total,cantava sozinho pras estrelas caminheiras.
Me perdoem, meus senhores, meu saber pequenininho,
A pampa, apesar de grande,  me ensinou a viver sozinho...
Se a pampa por entre flores tem tacurús nos caminhos.
Me faço de “chancho rengo” no meio da sociedade,
Já não sofro mais com os outros, hoje entendo a humanidade...
Total, por ser guitarreiro  aprendi  barbaridade.
Com licença, meus senhores, vou terminando a pajada,
Cantando sou perigoso porque a verdade me agrada
E é melhor ser guitarreiro do que ser pouco ou ser nada!”
(Noel Guarany)







Sumário
INTRODUÇÃO
I – “ O cantor da Bossoroca, que canta com galhardia”.
II- A história de Noel Guarany.
III-  Surge o cantador missioneiro
DESENVOLVIMENTO
IV- A voz missioneira e as missões de Noel Guarany
V- A importância de Noel para a musicalidade gaúcha e missioneira.
VI-Homenagens e tributo a Noel Guarany: Como tudo começou
VII-  Bossoroca, a “ Buena Terra” de Noel
VIII- Discografia de Noel Guarany
CONCLUSÃO
X-“ Eu não sou um cantor mitológico, eu existo.”: O legado imortal do eterno “Cantor da Bossoroca”.



I – “ O cantor da Bossoroca, que canta com galhardia”.
Nascido na terra vermelha da Bossoroca, na época ainda distrito da velha São Luiz Gonzaga, Noel Borges do Canto Fabrício da Silva, ou simplesmente Noel Guarany foi um dos mais importantes cantores e pesquisadores do Rio Grande do Sul, e principalmente da história e música missioneira, com um estilo próprio, Noel alcançou destaque cantando as coisas simples da sua terra, sua vida e sua gente.
Durante muitos anos viajou para a Argentina e outros países do Mercosul, pesquisando subsídios em busca de uma vertente para a música nativista e missioneira, teve como mestre o cantor Argentino Luna, grande ícone de seu país. Voltando ao Rio Grande, Noel começou a divulgar seu estilo, cativando inúmeros admiradores. Sempre foi um contestador e não se dobrava a mídia imposta pelas gravadoras, porém ainda assim, gravou alguns trabalhos de grande importância na história da musicalidade nas missões.
“Noel Guarany canta Aureliano de Figueiredo Pinto, foi um dos grandes trabalhos feitos por Noel, no qual aliava sua sensibilidade musical com a expressão poética de Aureliano, e que marcou de vez a história do cantor da Bossoroca que cantava com galhardia. Mesmo após sua morte, sua obra ainda emociona  gerações, com versos por vezes melancólicos, ou contestadores mas sempre com aquele sentimento de amor a terra vermelha que o viu nascer, Noel Guarany deixou na imortalidade musical a lembrança do eterno Cantor da Bossoroca.



I – A história de Noel Guarany
 Noel Borges do Canto Fabrício da Silva, o Noel Guarany, nasceu no dia 26 de dezembro de 1941, em Bossoroca, então distrito de São Luiz Gonzaga, na região das Missões, no Rio Grande do Sul, e viveu até a adolescência, além de sua terra natal, em Garruchos e São Luiz Gonzaga.
Filho de João Maria Fabrício da Silva e Antonia Borges do Canto, sua descendência paterna era ligada a José Fabrício da Silva, italiano, que veio de São Paulo e recebeu uma sesmaria de campo na região de Bossoroca, onde se estabeleceu em 1823. Pelo lado materno, descendente de Francisco Borges do Canto, irmão de José Borges do Canto , que recebeu várias quadras da sesmaria na região das missões. Francisco nasceu em 1782 e foi estancieiro em São Borja.
Os Borges do Canto tiveram grande influência e importância na formação das fronteiras do Rio grande do Sul, inclusive, José Borges do canto participou da conquista dos Sete Povos das Missões, cuja rendição dos espanhóis ocorreu em13 de agosto de 1801, capitulação essa endossada por Canto.
Noel, em 1956, com quinze anos de idade, aprendeu tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas três cordas, depois acordeom. Somente mais tarde passou a usar o violão que se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos Aires, depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte no tocar violão e aprendeu muito sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por todos os países do Prata e por estâncias do Rio grande do Sul, tocando, cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional. Nessa época gravou um compacto simples, com as músicas “Romance do Pala Velho” e “Filosofia de Gaudério”, acompanhado pelo cantor, compositor e músico missioneiro Cenair Maicá, com o qual se apresentava em festivais na Argentina.
Em 1970, Noel e Cenair venceram o VII Festival do Folclore Correntino, em Santo Tomé, na Argentina, com a música “Fandango na Fronteira”, sendo muito elogiados pelo diretor da Rádio L.R.A. 12, em vista das participações em dois especiais naquela emissora e do grande destaque e sucesso que conquistaram.
Em 1971, Noel gravou seu primeiro LP, “Legendas missioneiras”, que teve como parceiros os gaúchos Jayme Caetano Braun, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte, viajou por vários estados, fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1972 casou com Neidi da Silva Machado, missioneira de São Luiz Gonzaga, e passou a residir em Porto Alegre, para ficar mais próximo dos meios de divulgação.
Em 1983, quando morava em Itaqui, escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento com o descaso dos órgãos público para com a classe dos artistas que gravavam discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1984, fixou residência em Santa Maria, local onde morou até o dia de sua morte. Nessa cidade fez contrato com uma produtora para realizar uma série de espetáculos na região centro do estado. Também foi nesse ano que a gravadora RGE lançou o LP “ O Melhor de Noel Guarany” e que foi reeditado o LP “Payador,  pampa e guitarra.”
Em 1985 se retirou dos palcos, atitude coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em 1983.
Nos anos seguintes, Noel permaneceu recolhido em seu autoexílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o estado, os colegas artistas e   os amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma via- crúcis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo foi transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa em um mausoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.







II-  Surge o cantador missioneiro
Na época o sucesso no rádio era “Coração de Luto”, “Chote Soledade”, “Gaúcho de Passo Fundo” do Teixeirinha e “ Para Pedro” de José Mendes, o rádio por sua vez,  vivia a martelar alienações desleais ao povo sul-americano e grandes cantores entraram no mercado, violentamente, que o próprio Sebastião Silva, entre outros, começou a usar pseudônimos norte americanos, como Dick Farney, procurando dessa maneira vender discos como o Frank Sinatra e outros grandes nomes e ídolos estrangeiros. Além dessa invasão cultural liderada pelas gravadoras  multinacionais , outro atrito existia no Rio Grande do Sul, devido às diferentes regiões como por exemplo a teuto-rio-grandense , com suas polcas e bandinhas, a Ítalo/rio- grandense, com a  linha melódica estilizada dos pioneiros do acordeom, da década de 30,década de ouro do rádio sul- americano, onde podemos citar o precursor deste instrumento, que foi o “Cabo-Laranjeira”, do qual nunca se soube o nome ( sabe-se que desapareceu na Coluna Prestes, após a epopeia da grande marcha), mas ficaram como exemplo de seu pioneirismo Tio Bilia, Reduzido Malaquias, Dedé Cunha e tantos outros.
Começou então, a surgir com muita força, nas Missões, a música dos irmãos Bertussi, com dois acordeons, totalmente inautêntica, mas muito apreciada para bailes nos CTGs que estavam proliferando desmedidamente. Não havia músico no Rio Grande do Sul  que não tocasse uma música  dos Bertussi. Começaram também a aparecer as duplas, como os Irmãos Teixeira, Primos Peixoto, Gauchinhas Missioneiras, irmãos Moreira e um sem fim de imitadores dos Bertussi.
Vendo a forte influência norte americana praticamente acabando com a cultura gaúcha, chegando-se ao ponto em que não precisava mais se cantar, bastava um gaiteiro  para armar-se barulhos e peleias com algum gaúcho de pele indiática, mal olhado pela sociedade e pronto. Notando essas barbáries e distorções culturais, Noel começou a condenar ausência do que era de fato nosso. Questionava-se quanto ao fato  de quem defenderia o patrimônio histórico cultural das missões, tão rico em fatos históricos e tão rico em legendas, decisivas no contexto de entrelaçamento latino-americano e um sem fim de riquezas a clamar por uma manifestação lírica de defesa ao consumo da intelectualidade do povo.
Noel Guarany resolveu retratar a música missioneira, saiu aos grandes centros procurando infiltrar a música das Missões e sensibilizar os intelectuais da época, e aos poucos foi conseguindo com que a música missioneira fosse escutada. A casa do poeta Rio-grandense colaborou muito  para essa difusão da música missioneira, assim como foram surgindo vários apoiadores  abraçados na mesma causa de defesa do patrimônio histórico-cultural regional , como Cenair Maicá, Pedro Ortaça, entre outros, e isso foi dando a Noel Guarany uma única certeza, ele seria o cantador da sua gente, do seu chão vermelho Guarany, que como ele dizia : “ _ Vou cantar a minha terra!”. Surge aí então aquele que seria um ídolo na música regional das missões, Noel Guarany, o “Cantador Missioneiro, que canta sua terra.”


IV- A voz missioneira e as missões de Noel Guarany
Noel Guarany, com a proposta de cantar sua terra, conseguiu levar a música missioneira por lugares inimagináveis.
Jornalistas de todo o Brasil, apontavam Noel como o cantador da autêntica música missioneira, entre suas chimarritas e milongas contava a história de seu chão, de seu povo Guarany. Aos poucos a música de Noel conquistava o público, esteve em São Paulo onde cantou de graça para estudantes na Fundação Getúlio Vargas, mas também foi censurado e proibido de realizar um show no Anhembi. Sempre com a ideologia de lutar contra a descaracterização que a música brasileira vinha sofrendo, Noel percebia que não era só a música estrangeira que possibilitava isso, mas também as gravadoras com o intuito de sempre venderem mais, com isso alguns artistas que buscavam fama e dinheiro, não se importavam se o que cantavam era autêntico ou não, diferente do pensamento de Noel Guarany, que se preocupava com a cultura  e não tinha compromisso com gravadoras e a massa popular consumidora.
No início da carreira em 1971, ele acreditou que as gravadoras pudessem divulgar suas músicas, gravando então, três LPs, um na RGE (“Legendas Missioneiras”), outro na Fonogran (“Destino Missioneiro”), dois anos depois, e o terceiro na Odeon (“Noel Guarany Sem Fronteiras”), em 1975. Porém os discos não foram divulgados, vendidos ou se quer foram pagos os direitos autorais a Noel, isso fez com que o cantor rompesse com as gravadoras e cantasse para os jovens, quase sem cobras nada.
Posteriormente, financiado pelo Centro Nativista Gaspar Silveira, de Bagé, entidade que estudava o folclore, Noel gravou mais um LP “Payador,Pampa,Guitarra”, a edição do disco na época custou cerca de 400 mil cruzeiros, cujo valor foi dividido entre os associados da mesma entidade. Seguindo nas pesquisa do folclore das Missões, cada vez mais tinha a certeza que as raízes da música tinham sido deturpadas, assim como como havia acontecido com a guarânia paraguaia, desde que , na década de 30, inventaram a polca paraguaia. No princípio a guarânia era lenta, nostálgica, lírica, reunindo toda a alma dos índios da América Latina e por influência das gravadoras  apressaram o ritmo com o objetivo de venderem mais, e para Noel, era esse o caminho que estava seguindo a autêntica música gaúcha e missioneira.
Grande difusor da milonga gaúcha, em suas pesquisas Noel descobriu que a mesma veio da sifra, um tipo de canção antiquíssima, onde o cantador contava uma história sem nenhuma preocupação rítmica, dividida em quadras, resultou na milonga. Nas obras de Noel também tinha espaço para as chimarritas, originárias da Ilha da Madeira, eram músicas sem fronteiras muito tocadas no Uruguai e na Argentina. Ainda, para o cantor, a deturpação da música das missões , começou ainda com a invasão dos portugueses para anexar o território, antes espanhol, ao Brasil, ou ainda com a invasão bandeirante que por sua vez, fez uma deturpação geral aos costumes da terra e seguindo no mesmo caminho em 1850 a chegada da cultura europeia trazida pelos colonos aos poucos também foi tornando esquecida as verdadeiras raízes da música missioneira.
Em 1977, Noel possuía um programa de rádio em Porto Alegre, com o qual difundia as músicas folclóricas e também falava dos problemas ecológicos em defesa da paisagem do Rio Grande, lamentava a urbanização feita em São Miguel, nas Missões, onde árvores seculares eram derrubadas por tratores, bem como do descaso da secretaria do estado na época para com o aspecto turístico de São Miguel, onde as ruínas da catedral eram um grande ponto de visitação.
Mas Noel não vivia somente da música, mas também da compra e revenda de cavalos. Além do violão, seu companheiro inseparável, tocava também acordeom de oito baixos, do tipo fronteira, de poucos recursos sonoros, usado principalmente para executar uma chimarrita ou um chamamê. Mas seu grande amor era cantar as coisas da terra, sempre julgava que impedir um cantor de cantar era a coisa mais horrível que poderia se fazer, e apesar da censura que sofria por vezes a sua música, jamais perdera a esperança de quem um dia a música missioneira seria valorizada e difundida, e talvez não imaginasse que mesmo após sua morte sua obra se tornaria eterna e presente na vida de todos os missioneiros.



V- A importância de Noel para a musicalidade gaúcha e missioneira.
A importância do cancioneiro guaranítico e da música de Noel para o nosso país é incontestável, com versos que  não caem na vala comum do vulgar, dos incautos chacais da literatura que devoram criminosamente nossa cultura tão cheia de riquezas no universo da sabedoria e da poética, o cantor da Bossoroca sempre buscou  levar a mensagem poética de amor a sua terra e a sua gente  por onde quer que fosse, seja nas viagens Brasil a fora ou nos países do Mercosul, onde muitas das vezes, buscou através da pesquisa as verdadeiras raízes e a inspiração para a autêntica música missioneira.
Noel foi e sempre será o cantor do povo, o cantor que buscava cantar o nativismo de seu chão, para ele não havia diferença entre cantar para uma minoria ou para multidões , cantava com a alma e  com o coração, sua vida foi marcada por vários momentos e datas as quais tiveram importância fundamental para a difusão de nossa música:

1941 – Nasce em Bossoroca
1960 – Começa a percorrer países da América Latina
1968 – Apresenta um programa na Rádio São Luiz, em São Luiz Gonzaga
1970 – Lança, com Cenair Maicá, um compacto com as músicas Filosofia de Andejo e Romance do Pala Velho
1971 – Disco Legendas Missioneiras
1973 – Disco Destino Missioneiro
1975 – Participa do disco Música Popular do Sul e lança o álbum LP sem Fronteiras
1976 – Lança, na Argentina, o disco independente Payador, Pampa e Guitarra
1977 – Disco Noel Guarany Canta Aureliano Figueiredo Pinto
1979 – Disco De Pulperia
1980 – Disco Alma, Garra e Melodia
1982 – Disco Para o que Olha sem Ver
1988 – Disco A Volta do Missioneiro
1998 – Morre aos 56 anos, em Santa Maria 
Acompanhado apenas por seu violão, Noel entoava em seus causos   a galhardia do gaúcho, com versos belíssimos e ainda rudes em suas imagens pampeiras eternizou para sempre em suas obras o amor ao seu chão, ou como ele dizia ao seu “rincão Guarany”.




VI-Homenagens e tributo a Noel Guarany: Como tudo começou

Em maio de 1998, no Ginásio de esportes Cezar Dirceu Franco, ocorreu um dos mais significativos gestos de homenagem e reconhecimento a um filho da Bossoroca, o grande Noel Guarany, já encontrava-se debilitado por uma doença degenerativa que o impossibilitava de exercer suas funções e também enfrentava problemas financeiros. Sensibilizados com a situação do grande expoente da música missioneira, a família Fabrício e o Rotary Club de Bossoroca, através de Telmo Fabrício Dutra, tiveram a iniciativa de promover este evento que foi denominado TRIBUTO A NOEL GUARANY. A intenção era mobilizar a grande legião de fãs, amigos e admiradores de Noel, os jornais descreveram aquela noite como um fato memorável, com participação de expressivos nomes da música rio-grandense que juntos se uniram em coro num tributo ao “Cantor da Bossoroca”. Alguns anos depois, mais precisamente em 2006 foi realizado novamente a segunda edição desse evento com um novo formato, e em 2007 a terceira edição com grande participação de artistas locais e regionais.
O “ Tributo a Noel Guarany”, é até  hoje um importante gesto de reconhecimento e homenagem da Buena Terra ao seu ilustre filho, que sempre é reverenciado com respeito por todos aqueles que o conheceram ou admiram sua obra, e guardado com carinho na lembrança por todos os momentos que orgulhou sua terra, a sua Bossoroca.


Espaço Noel Guarany

Localizado no saguão de entrada da Prefeitura Municipal de Bossoroca o "Espaço Noel Guarany" resultou da necessidade de mostrar à população e visitantes, objetos pessoais deste missioneiro, como fotos, letras de musicas, um de seus violões e outros pertences que sintetizam sua vida e sua arte. A intenção de criar este local surgiu por ocasião de seu velório, no dia 6 de outubro de 1988, que foi prontamente aceita por todos, principalmente pelos familiares de Noel, sua esposa Neidi e a filha Laura. Posteriormente, o Governo Municipal iniciou a estruturação do local o qual foi inaugurado no dia 6 de outubro de 2007, sendo que à noite, foi realizada uma das edições do evento em sua homenagem, "Tributo a Noel Guarany", com a participação efetiva de vários artistas, simpatizantes e comunidade local e regional.



O Mausoléu de Noel Guarany
Uma justa homenagem realizada pelo governo Municipal de Bossoroca em 1999, durante a realização da 5ª edição do Manancial Missioneiro da Canção, foi inaugurado o mausoléu onde repousam os restos mortais de Noel Borges do Canto Fabrício da Silva- Noel Guarany.
Neste conjunto, está o mausoléu que é o sepulcro de Noel, elaborado em estilo barroco do período colonial brasileiro , possuí ainda uma Cruz de Lorena, que marca o período da civilização Jesuítica- Guarani, tantas vezes citadas na obra de Noel. O violão, companheiro nas andanças missioneiras, pelo estado e além fronteiras, também se faz presente junto ao “pala velho” colocado sobre um dos braços da cruz e que foi tema de uma de suas composições, “Romance do Pala Velho”, e de outros símbolos que remetem a lembrança de Noel, projetado pelo arquiteto Plinio Ivar da Rosa, junto ao cemitério municipal, na entrada da cidade.



VII-  Bossoroca, a “ Buena Terra” de Noel
Bossoroca, situada na região das Missões, é uma próspera cidade que tem como base econômica, a cultura da soja e do trigo, pecuária e a atividade comercial e serviços, possuindo, segundo o último censo, em 2010, 6.883 habitantes. Faz divisa com os municípios de São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, São Miguel, Santiago e Itacurubi. A orígem de seu nome - Bossoroca, vem do vocabulário Tupy-Guarany, Iby-Soroc, onde a tradução deIby é terra e Soroc, significa rasgão, chão rasgado, fenômeno que se pode observar através do efeito das águas em terrenos arenosos, onde se abrem enormes rachaduras. Durante algum tempo, usou-se a grafia BOÇOROCA. Posteriormente, em razão de adequação à lingua portuguesa, passou-se a usar a grafia BOSSOROCA.
No ano de 1965 teve início o movimento que iria culminar com a emancipação de nosso município. Logo no início deste movimento, um fato curioso aconteceu. Como não existia área e população suficiente para a emancipação, foi anexado ao território de Bossoroca, o rincão do Ivai que então pertencia à São Luiz Gonzaga. Alcançou-se desta forma, a densidade demográfica necessária. A Comissão Emancipacionista, foi composta por Marcos Fabricio, Avelino Cardinal, João Dutra e Leoveral Oliveira.
Este movimento, liderado por homens que queriam uma Bossoroca independente, logo aumentou e foi criada a Comissão que teria por incumbência, promover a emancipação de nosso município. Bossoroca desmembrou-se de São Luiz Gonzaga em 12 de outubro de 1965, quando foi criado o município, através da Lei 5.058, pelo então Governador do Estado Ildo Meneghetti. No entanto, a instalação aconteceu em 04 de março de 1967.
  


VIII- Discografia de Noel Guarany             





· 1975 - Sem Fronteiras




· 1979 - De Pulperias





  
X- “Eu não sou um cantor mitológico, eu existo.”:
O legado imortal do eterno “Cantor da Bossoroca”.

Noel Guarany foi sem dúvida um dos maiores cantores e pesquisadores da nossa terra, um dos grandes “Troncos Missioneiros” como fora denominado ao lado de Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá e Pedro Ortaça, que sempre defendeu a nossa cultura missioneira, seus valores de simplicidade e humildade o tornaram único e memorável.
Com sua morte, a música, não só missioneira e gaúcha, mas também brasileira, perdeu um dos maiores talentos da música nativista, porém sua obra se tornou imortal, traduzindo-se em uma mensagem de amor ao chão missioneiro, de respeito e valorização de sua gente, dos índios Guarany e do patrimônio histórico, cultural e artístico que as missões possuem.  
Se vai o “Cantor da Bossoroca”, mas sua obra se eterniza nos galpões mais simples e humildes, para que nunca se esqueçam do cantor que cantou sua terra com amor e devoção e soube como poucos resgatar e difundir a autêntica música missioneira.
  



Bibliografia

- Caderno Especial “Noel Guarany o cantor da Bossoroca: vida e obra de um Missioneiro”;
-Blog Associação Cultural Bossoroca; Site: http://bossorocars.blogspot.com.br/
-Programa Vida no Sul: Noel Guarany. Vídeo;
- Noel Guarany.  Wikipédia. Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Noel_Guarany
-  Noel Guarany: 15 anos sem o cantor Missioneiro. Artigo;
-Quando se cala um grande cantor. Artigo;
-As missões de Noel Guarany, O Cantador. Artigo. Folha de São Paulo, 7 de julho de 1977;
- Noel Guarany :o mago que (re)criou a música missioneira. Artigo. João Sampaio.
Revista Ronda Gaúcha/5ª edição;
-Imagens: Google;










“Mas Noel se foi. Se foi o corpo, é claro,
porque a alma ainda vive entre nós e nos embala
 e  nos emociona com seus versos, por vezes melancólicos,
 por vezes com cheiro da terra vermelha, por vezes contestadores,
mas sempre verdadeiros e únicos...”
(Jairo Velloso)





 
“Eu não sou um cantor mitológico. Eu existo.
Eu vivo pelas pulperias...”
         Noel Guarany







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