segunda-feira, 15 de abril de 2013

POESIA..

E a poesia de hoje é do grande poeta gaúcho, Apparício Silva Rillo, que através de versos exaltou a figura do gaúcho e difundiu os valores e os costumes do nosso pago...

PETIÇO VELHO
(Apparício Silva Rillo)

Este petiço, 
veterano aqui da Estância, 
foi o meu pingo de infância, 
meu orgulho de guri. 
Crescemos juntos, 
nos criamos lado a lado, 
mas ele contou dobrado 
os anos que eu já vivi. 

Caramba! 
está velho o meu petiço. 
Tem nas pupilas cansadas 
que olham para o vazio, 
tristezas de águas paradas 
de um cotovelo de rio. 

Petiço velho! 
foi de cima de teu lombo 
que há muitos anos atrás, 
caí meu primeiro tombo 
no meio dos gravatás. 

E enquanto cheio de espinhos 
me levantava do chão, 
no teu olhar surpreendido 
havia um manso pedido 
de desculpa e de perdão. 

Quanta carreira embrulhada 
na cancha reta da estrada 
tu me fizeste ganhar! 
Quanta tropa de mentira 
repontei estrada afora 
te cutucando com a espora 
nervosa do calcanhar... 

Petiço velho! 
tua última carreira 
pouco a pouco se aproxima, 
e o piá não vai em cima 
pra levar-te ao vencedor. 

Não corras muito 
porque a carreira é perdida... 
Na Califórnia da Vida 
onde o destino maneja 
cancha de osso e carpeta, 
um peticinho maceta 
quando se topa com a morte 
não clava nenhuma sorte 
por mais taura que ele seja!

Um comentário:

  1. Por varias vezes tentei declama-la ate o final, porem sem sucesso, a voz embargou e a emocao tomou conta. Eu declamava esse poema quando tinha 7 anos, hoje estou com 51. Obrigado!!!

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