terça-feira, 16 de abril de 2013

POESIA

Buenas caros leitores, a poesia de hoje  é de um grande poeta e amigo José Dirceu Dutra, um poeta que tem na essência o amor pelo pago onde nasceu e exalta através da poesia  os valores do povo gaúcho,  seu sentimento poético e o orgulho de suas origens, difundindo o nome de São Miguel das Missões para todo o estado... Boa leitura!

FILOSOFIA
(José Dirceu Dutra)

Olhei a cruz do passado
Para chegar ao presente
E me passou pela mente
Ser um guasca destemido
Pra não viver escondido
Dos olhos de muita gente

Nesse linguajar gaudério
É que sempre me aconchego.
E vou tirando o pelego
Do meu baio caborteiro
Para dizer que um campeiro
Chegou  na estância sem medo.

Subi as coxilhas do pampa
Na invernada da existência 
E ali deixei minha querência
Me cambiando pra cidade
Hoje só tenho maldade
E muito pouca experiência

É como diz o ditado
"Tudo tarda e aparece"
Se ser grã-fino enobrece
Eu prefiro ser pobre
E elevar minha alma nobre
Que muitas vezes padece

Saudades, tenho saudades
Quando as vezes carreteava
Ao longe o minuano uivava
E eu cruzava meu caminho
Numa jornada sozinho
Que ao fim nunca chegava.

Mas pensava ter um dia
A ambição de ser dono
Ao menos ter o meu trono
Como do velho galpão
Pra alegrar meu coração
Até o derradeiro sono.

E novamente me encontro
De bar em bar vou bebendo,
Todo o dinheiro perdendo
No jogo sujo da vida,
Já que a parada é perdida
E a perdição me vencendo.

Criar a imagem de agora
É pensar numa loucura
Nesta coxilha insegura
Tomada de boemia
Eu deixo filosofia
Quando eu for pra sepultura.

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